quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

CARAVANA POÉTICA NO RIO DE JANEIRO

As notícias que nos chegam em São Paulo, sobre o Rio de Janeiro é que aquele povo esta vivendo uma guerra, na qual o Estado faz uma tentativa heróica de uma intervenção pacificadora, porém que paz é essa, custeada por tantas armas e sangue? Não estamos entendendo, de uma hora para outra, umas das polícias mais corruptas e violentas do país esta fazendo uma ação visando a paz? Paz pra quem? Paz para quê? Será que tem alguma coisa a ver com as olimpíadas ou com a copa do mundo? Muitas perguntas, e com certeza a mídia brasileira não tem intenções de cobrir os fatos de forma imparcial contribuindo para reflexões estruturadas sobre a situação. Então resolvemos tirar nossas conclusões vendo a situação de perto, e no dia 17 de dezembro partiu das periferias paulistanas um bonde com poetas do Sarau da Ademar, Sarau Suburbano Convicto, Sarau Vila Fundão, Sarau Palmarino, Sarau do Binho, Poetas do Tietê, Sarau Elo da Corrente e Sarau Poesia na Brasa , para realizarmos quatro saraus em quatro comunidades, em dois dias.


Nosso primeiro sarau no Rio estava marcado para acontecer no Complexo do Alemão, porém ao chegar na entrada do complexo percebemos uma falha dentro do nosso grupo, pois entre os nossos, nem todos sabiam quem estava organizando nossa intervenção, alguns achavam que participaríamos de um evento organizado pelas UPPs, o que com certeza inviabilizaria qualquer participação da nossa parte, porém depois de um conversa rápida e necessária ficamos sabendo que iriamos participar de um evento organizado pela própria comunidade, evento que já acontece a seis anos e que nesse ano chegou a sua sétima edição, daí então depois desse desenrolar podemos entrar no complexo com certeza de onde estávamos entrando e qual seria a nossa função naquele espaço. Assim que entramos podemos perceber a energias que conviviam no mesmo espaço, de um lado a comunidade reunida em torno de um evento que já estava a mil por hora, que mesmo embaixo de um sol quente não parecia desanimar, muito próximo dali, podíamos ver caminhões e tanques de guerra do exército brasileiro, exibindo seu forte armamento enquanto circulava pela comunidade, e em meio a todo esse contraste começarmos nosso primeiro sarau no Rio de Janeiro. Os Tambores da Brasa tocaram alto, chamando todos os poetas, anunciando que ali começava um trabalho, e as poesias, como pipas, foram tomando os céus do Complexo do Alemão e a cada instante chegavam mais pessoas para comungar da arte palavreada que proporcionaram momento de paz e reflexão. Momento de maior atenção nesse sarau, pelo menos na nossa opinião, foi quando Douglas, do Sarau Elo da Corrente, leu o texto “Da paz” de Marcelino Freire, a comunidade presente demonstra em seus olhares atentos que se identificava com cada palavra dita pelo nosso amigo, momento de grande emoção . Durante nosso sarau também podemos comungar da apresentação do projeto “Cultura na Cesta”, projeto que mescla basquete e edução, e que somaram na nossa intervenção, trampo louco.

Depois do Complexo do Alemão nosso bonde seguiu para o morro de Santa Teresa (Fallet), por lá o contraste social também foi muito marcante. Na parte da frente do morro várias casas bem arrumadas, bem acabadas, nos lembrava a Vila Madalena aqui em São Paulo, mas só foi andar um pouco mais e virar uma curva a esquerda e os reboques das paredes começaram a acabar, as ruas foram ficando mais estreitas e nesse momento começamos a perceber que as pessoas que impõe suas leis naquele espaço já estavam sabendo da nossa chegada, pois assim que começamos a descida para onde iriamos fazer o sarau, dois homens ficaram nos olhando fazendo questão que percebemos que estavam armados, mas seguimos em frente. Passamos com nossos tambores nos estreitos becos do Fallet, e depois de subir e descer vários degraus, nos encontramos com Mauro, um dos representantes da Associação de Moradores do Fallet. Assim que nos encontramos ele nos disse que a frente havia algumas pessoas fazendo uma “movimento” de venda de “soma” mas que ficássemos tranquilos pois eles já estavam avisados da nossa entrada, então seguimos tranquilos, porém quando estávamos passando ao lado do bem protegido comércio, uma garota do Rio de Janeiro que nos acompanhava, tentou conseguir, na sua opinião, a melhor foto da sua vida e apontou sua máquina fotográfica na direção do comerciantes informais, o que foi prontamente correspondido com algumas outras coisas apontadas na nossa direção, e acreditem não eram máquinas fotográficas. Porém o amigo que nos acompanhava, Mauro, se responsabilizou por tentar minimizar o erro da nossa inocente, ou oportunista companheira, garantindo que iria apagar a foto que ela havia feito dos comerciantes daquela região. Passado o breve, no entanto intenso, momento de nervosismo, seguimos para o local do sarau, onde um expressivo grupo de crianças nos aguardavam, e ali nossas almas foram lavadas, assim como aconteceu no Complexo do Alemão, a cada poema solto do ar, a comunidade se aproximava curiosa e atenta o que nos fortalecia cada vez mais para o próximo sarau. Por ali podemos semear nossos livros entre os presentes e também contribuir com o acervo de uma biblioteca comunitária que esta sendo construída dentro da comunidade. No final do sarau abrimos uma ciranda, para de mãos dadas festejarmos aquele encontro tão enriquecedor. Enquanto lágrimas de felicidade nos fugiam dos olhos, nos preparávamos para seguir viagem, porém fomos convidados para coroar nosso encontro com um delicioso bolo e refrigerantes ofertados pela comunidade para comunidade, ficamos honrados por compartilhar desse momento.

Chegando ao final do primeiro dia o nosso bonde desembarcou no Morro Agudo na casa do “Enraizados”. Por lá durante o dia todo já tinha acontecido um evento para encerrar o ano, mas quando chegamos por volta da 22h00 alguma pessoas ainda esperavam pelo sarau e mesmo casados , sem dormir, sem comer, sem tomar banho iniciamos mais uma comunhão da palavra. Dessa vez além dos poetas de sampa também estava presente uma galerinha que manda muito bem nos versos e fortaleceu até uma horas com o sarau, na sequencia da nossa roda, rolou até uma rinha de Mcs bem humorada. Para fechar nossa noite nada melhor do que samba, churrasco e alguma cervejinhas para molhar a palavra. O espaço do “Enraizados” é bem louco por lá rolam várias oficinas e pelo que podemos notar a comunidade chega junto. Por lá mesmo nos encostamos para descansar o esqueleto, depois de um merecido banho improvisado pelos nossos amigos cariocas. Agradecemos pela recepção e esperamos poder fazer o mesmo quando estiverem em sampa.

No domingo assim que acordamos tivemos uma outra breve e indispensável, discussão, pois havia um desencontro de informação de qual seria o horário do nosso próximo sarau, porém o espírito coletivo prevaleceu e seguimos para o nosso últimos sarau dessa caravana, que iria acontecer no Morro do Borél, Chácara do Céu. Depois de uma subida que aparecia que não iria acabar nunca mais, chegamos na casa do amigo Gabeira e de lá podemos perceber porque aquele lugar se chamava Chácara do Céu, lugarzinho alto. Para reabastecer as energias nos foi servido uma deliciosa galinhada, os amigos vegetarianos que nos desculpem mas tava muito bom, na sequência rolou aquela troca de idéia para fortalecer o encontro que em poucos minutos iria acontecer e quando começamos descer para o local do sarau, encontramos espalhados pela comunidade cartazes que diziam “Rajada Poética, Os Poeta Estão Chegando”, recepção calorosa sinal de responsabilidade em dobro. O sarau aconteceu na Associação dos Moradores da Chácara do Céu, que fica bem em frente a uma unidade da UPP, que assim como os comerciantes do Fallet, também estavam fortemente armados o que gera um certo desconforto, porém não foi capaz de diminuir o axé do nosso encontro que mais uma vez contou com a participação de uma comunidade atenta e entusiasmada que ao final do encontro também celebrou de mãos dadas em um grande ciranda para juntos comungar aqueles breves momentos de União Paz e Poesia.

Nós do Coletivo Cultural Poesia na Brasa, agradecemos a todo mundo que tornou possível essa ação, agradecemos principalmente aos coletivos e pessoas que abraçaram a proposta e que deram o máximo para fazer o melhor trabalho possível naquelas comunidades. Agradecemos aos sorrisos e lágrimas verdadeiras compartilhadas e mais uma vez mostramos que queremos muito mais do que recitar poemas, e sim queremos intervir de forma positiva nessa periferia chamada Afro-Brasil-Latino. Axé.





























segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

...ÚLTIMO SARAU DO ANO...

Depois de mais 1 ano de atividades encerramos o Sarau Poesia na Brasa neste sabádo 11/12/2010, quem esteve presente pode dividir uma noite emocionante cheia de alegrias e reflexões. Preparamos tudo para uma noite de muita festa, lançamento de nosso último livro do ano "Roube-me por favor" de Henrique Godoy, Lid's Ramos e Carolzinha Teixeira, também estava tudo certo para exibição do "Curtas SarauS" do Coletivo Arte na Periferia e o som do grupo Quilombrasa apresentando o "Projeto João" e como os Saraus da Periferia são feitos com a arte do povo, o povo chegou para apresentar sua arte, teve exposição de fotografia "Foto na Lata" do Silvinho da Quilombaque, o Coletivo Sinfonia de Cães somou com Roger e sua Mono banda 'Extreme Blues Dog" e colocou todo mundo para dançar ao som do Blues, o Grupo Corrida Maluca também chegou, vindo da Vila Bonilha, sem contar os poetas que vieram de todos os cantos dessa Grande Periferia que é São Paulo.
Uma noite maravilhosa, regada a muita energia boa fluindo devagar ao som dos tambores, o Carlita nosso parceiro liberou a esticada do sarau e quem precisava de mais ficou um pouco na rua com cantoria armada em frente o bar.
Nosso último Sarau no ano encerra um ciclo de 2 anos com atividades e publicações apoiadas pelo Programa Vai da Secretátia Municipal de Cultura, neste ano lançamos três livros Antoligia II, Nem tudo é Silêncio da autora Sonia R. Bischain e fechamos as produções com Roube-me Por favor dos Autores Henrique Godoy, Lid's Ramos e Carolzinha Teixeira, o que para nós do Coletivo Cultural Poesia na Brasa foi muito positivo, pois mais uma vez reafirmamos que nós artistas da periferia temos muito o que produzir, o que sempre nos faltou foram oportunidades e atenção dos poderes públicos, porém agora muitos já provaram precisar apenas da própria criatividade para se valer de sua arte e se a pergunta que fica no ar é se o Sarau da Brasa vai continuar sem apoio financeiro já pré estabelecido, esta pergunta é respondida nas fotos abaixo e em todas outras postagens já feitas neste blog, SIM, o Sarau da Brasa todos os sábados após o último toque do tambor transforma-se em fumaça e todos aqueles que aspirarem seu ar estarão contaminados por cada verso escrito, cada livro publicado, cada música tocada, cada peça apresentada, cada circo armado, cada exposição montada tudo isso nos dá força e nos faz acredirar que o Sarau da Brasa faz dentro do bar aos sábados é simplesmente se reunir para ouvir a arte daqueles que fazem arte da sua vida. E se acreditamos que a perfieria é uma grande fábrica de produção cultural e os bares são centros culturais, só devemos ter esperança pois concluimos que o ano que vem promete, as quebradas estão cada vez mais articuladas, os projetos brotando por todos os lados, a galera tá a milhão e que a ELITE TREMA, pois todos que somaram esse ano continuarão a somar no ano que vem e que cheguem outros guerreiros e guerreiras para essa luta que ainda está no começo, mesmo porque ainda estamos com fome, estamos com sede, queremos tudo o que é nosso, queremos só o que é nosso, MUITA PAZ PARA TODAS AS QUEBRADAS E MUITAS CONQUISTAS NO PRÓXIMO ANO.
Vamos dar um tempinho com o sarau mas a caminhada não para, agora é fazer os corres de novos projetos e ferramentas para fortalecer o ano que vem com nossos parceiros e parceiras.
Mais uma vez um ótimo ano a todos (as) agradecemos todo mundo de todos os COLETIVOS que somaram e multiplicaram nossas mentes e coração e que venham mais conquistas e elos entre nós.

Tambor, tambor...


Todos somaram para mais uma noite de festa na Brasilândia...


...mais uma vez o Sarau é inovado e essa foi a vez do Extreme Blues Dog...



...todos curtiram a Mono Banda, uma expressão artística pouco conhecida, mais muita apreciada pelos lugares que passa...


..a galera ia chegando sendo convidada a curtir um Rock n' Roll...



...muita festa e muita paz para abrir a noite...


...muitos amigos vieram de longe...


...muitos vieram e dançaram...


...por alguns minutos os Tambores pararam para ouvir a Guitarra...


...e Loucas registrava tudo...


...os parceiros de longe e de perto chegaram para somar...


... aos poucos o bar estava cheio, mas ainda cabia mais...

...Yeah, Yeah, Yeah Yeah Yeah...


...muito som bom...


... Todos curtindo...


... no Sarau Poesia na Brasa cada pessoa que chega é responsável por tornar aquela noite cada vez mais especial...


...não conseguíamos nem respirar, tanta emoção e tanta coisa boa para acontecer ainda...


..então foi a vez do Quilombrasa e do "Projeto João" uma proposta que ousa cantar a história de João o morador da Perifeira nós, vocês, todos...


...cantam seus sonhos, suas conquistas, suas derrotas, cantam sua Quebrada...


...Daphina somando...


... e as pessoas continuavam a chegar...


...todo mundo se aconchegando dentro do bar...


...e o bar foi ficando pequeno...


...e som continuava...


...em uma noite chuvosa nos tira de casa e com nossa coletiva solidão arrasa...


... e fomos pondo mais lenha na Brasa...


...Exposição "Fotos na Lata" do Silvinho da Comunidade Cultural Quilombaque...


... o trampo foi feito com a molecada de Perus...


...fazendo fotografias do bairro em latas, muito locô...


...rolou também a exposição de fotos feitas pelo fotógrafo Guma para exibição do Curta Saraus...


...exibição do Curta Saraus...


...o cinema também marcou presença no Sarau...


...o trampo foi feito pelos parceiros da zona Sul do Coletivo Arte na Periferia...


...o Grupo Corrida Maluca da Vila Bonilha...


... mais música boa ao vivo pra esquentar a noite que insitia em chover...


...e depois de tudo isso ainda tinha o Sarau...


...Chellmí Poeta Rimador...


...a cada palavra um reconhecimento...


... e os tambores não paravam ritimados pela chuva...






... enquanto isso os autores exibiam sua cria...


...ROUBE-ME POR FAVOR...


...CAROLZINHA...


...HENRIQUE...


...LID'S...





...o Vitinho e o João resolveram colorir os seus exemplares...


...Rosana, Sambaki...


...Flavia e Priscila, As Capulanas...


...Soraia interpretando Maria Bethânia...

...Denis...


...Willian se declarando...


...Luciane...

...Graciliano...


...Di Função...

... Regicida e Clayton...


...Soró...

...Eunice...


...direto da Ademar, Juma...


...os Sarau não seriam os mesmos sem crianças...


...Dandy Poeta..


...Camila Milani...


...Lívia...


...Paulo Sérgio...


...Bárbara e Claudinei...


...Francielly e Thainá...


..."quem quer comprar, quem paga mais pela educação"...


...Tais...


...Leko...


...Eder..


... "tambor que bate , batuque batuque bate"...


...'tenho um tambor dentro do peito tenho um tambor"...


..."num Quilombo, num Quilombo, num Quilombo"...


...ao final da noite o que nos restava era arrumar a bagunça e confratenizar...


...Alison e Davi...


...João e Tainá...


...Debora...


... o livro circulando...


...Juliana...


...Maria e Ana Paula...


...mais uma vez Lívia...


...Edu...


...Diego, Carolzinha e Sirlene...


...e a festa continuou até 01h30 com gostinho de quero mais...









...enfim o ano que vem tem mais, mais saraus, mais festas, mais arte por toda periferia...
ATÉ LOGO !