segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

HAITI

Os olhos do mundo pairam sobre sua desgraça.
Comoção, tristeza, sentimentos solidários.
Nas imagens,
as primeiras equipes de socorro
com equipamentos e especialistas.
Procuram sobreviventes,
primeiro no local onde ficava o prédio
das Nações Unidas.
Em volta, desesperado,
o povo, sem nenhum equipamento,
remove pedras, ferros e entulhos
com as próprias mãos.
A imprensa mundial
diverge sobre os números:
trinta mil, cinquenta mil, quinhentos mil?
O que importam os números?
São vidas perdidas, são muitos feridos,
para desgraça maior
de um povo carente de tudo.
Num país onde no início do século XVI,
sua população indígena
estava totalmente dizimada.
No século XVIII,
pelas mãos de negros escravos
na lavoura açucareira,
de tão rico, ficou conhecido como
“A Pérola das Antilhas”.
Na América Latina,
o primeiro a se tornar independente,
com uma população de negros
vinte vezes maior que a de brancos,
e, a partir daí,
triste história de guerrilhas, tiranias, traições,
golpes de estado, repressões,
perseguições políticas, torturas e assassinatos,
invasões, ocupações e intervenções.
Quem antes se preocupou com o Haiti?
Quem antes socorreu este povo,
estas famílias
que em condições de absoluta miséria,
sem alimentos,
é obrigada a escolher entre os filhos
qual deles tem chances de sobreviver
e só este será alimentado?
Quem antes se importou com este povo
que pra não morrer de fome
tempera terra e com ela faz biscoitos
para seu sustento?
Os olhos do mundo estão voltados
para o Haiti neste momento.
Criem os homens vergonha na cara
e socorram de fato este povo,
para que possamos dignificar
nossa condição de seres humanos.

Sonia Bischain
15 de janeiro de 2010









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